domingo, 15 de outubro de 2017

A Natureza Humana Tende ao Mal




A Natureza Humana Tende ao Mal

Ter a consciência do mal que somos feitos, da fibra fraca que nosso corpo foi produzido, isso por si só já nos faz mais fortes. Ao ter a constante preocupação que nosso “instinto” e nosso “impulso” sempre nos levará a corrupção, ficaremos alertas e evitaremos tropeços. É como criar um leopardo dentro de nós. Por mais que às vezes ele pareça domesticado, não podemos esquecer que o instinto maior do animal fará com que ele nos devore se não nos mantermos alertas.


15 Pois eu não entendo o que faço; porque o que quero, isso eu não pratico; mas o que eu não quero, isso é o que eu faço.

16 E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.

17 Agora, porém, não sou mais eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim.

18 Porque eu sei que em mim (ou seja, na minha carne) não habita bem algum; dessa forma o “querer o bem” está em mim, mas o “fazer o bem” não está.

19 Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse é o que pratico.

20 Ora, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem faço, mas o pecado que habita em mim.

21 Acho então esta lei em mim, que, mesmo querendo eu fazer o bem, o mal já está comigo.

22 Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;

23 mas vejo nos meus membros (meu corpo) outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros (no meu corpo).

24 Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?

25 Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor! De modo que eu mesmo com o meu entendimento sirvo à lei de Deus, mas com a minha carne, sirvo à lei do pecado.

Romanos 7:15-25
Vivemos em um mundo que dita regras que se travestem de causas boas e revolucionárias, mas que negam nossa essência. Se eu me deixar ser regida pelos meus impulsos, pelas minhas vontades, seria eu escrava do meu corpo. Voltaria a ser o animal que Deus nos libertou de ser. Nosso corpo por natureza é desviante. Por que iria eu satisfazer as suas vontades?
Costumamos colocar os loucos, malvados e depravados em categorias muito longe das nossas. Como se aqueles seres tivessem nascido com um desvio muito diferente do nosso. Mas seria isso verdade? Ou na verdade, o desvio deles são da mesma natureza dos nossos, porém a força que nos faz lutar contra nossos impulsos sombrios é mais forte do que a deles?
8 Misericordioso e piedoso é o Senhor; generoso e grande em bondade.


9 Ele não reprovará perpetuamente, nem para sempre reterá a sua ira.

10 Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniqüidades.

11 Pois assim como o céu está elevado acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem.

12 Assim como está longe o oriente do ocidente, assim Ele afasta de nós as nossas transgressões.

13 Assim como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem.

14 Pois ele conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó.

Salmos 103:8-14
Mas Deus é bom e misericordioso. Ele não nos trata segundo os nossos pecados, pois Ele sabe que somos todos pó - falhos, com tendências à corrupção, maus por natureza. Sendo assim, o amor que Ele tem reservado a mim, é o mesmo amor que ele reserva ao criminoso depravado. E isso não é escandaloso! Usando uma metáfora muito interessante do C.S. Lewis, é como se em uma corrida de carros onde os participantes têm carros diversos, de fusca velho até uma Ferrari nova, Deus avaliasse não o carro que você dirige, mas sim o motorista e a forma que a pessoa dirige o carro que tem. A estrada que estamos “dirigindo” é a mesma para todos, as dificuldades na estrada também são as mesmas, mas alguns estão no conforto de uma Ferrari com freios suaves e rodeados de air bags, e outros estão em carros velhos, caindo aos pedaços.


“But if you are a poor creature--poisoned by a wretched up-bringing in some house full of vulgar jealousies and senseless quarrels--saddled, by no choice of your own, with some loathsome sexual perversion--nagged day in and day out by an inferiority complex that makes you snap at your best friends--do not despair. He knows all about it. You are one of the poor whom He blessed. He knows what a wretched machine you are trying to drive. Keep on. Do what you can. One day He will fling it on the scrap-heap and give you a new one. And then you may astonish us all (not least yourself) for you have learned your driving in a hard school. CS Lewis - Mere Christianity 
“Mas se você é uma pobre criatura -- envenenado por uma educação miserável em alguma casa cheia de ciúmes vulgares e brigas sem sentido -- infelizmente, não por uma escolha sua, com alguma perversão sexual repugnante -- atormentado um dia após o outro, por um complexo de inferioridade que faz você se afastar dos seus melhores amigos -- Não se desespere. Ele sabe tudo sobre isso. Você é um dos pobres aos quais Ele abençoou. Ele sabe a máquina miserável que você está tentando dirigir. Continue. Faça o que pode. Um dia Ele vai jogar essa máquina velha na pilha de sucata e te dar uma nova. E então você vai surpreender a todos (não apenas a si próprio) por ter aprendido a dirigir em uma escola difícil.CS Lewis - O Cristianismo Puro e Simples
Assim sendo deveríamos assumir a síndrome de Gabriela? “Eu nasci assim, eu cresci assim, eu sou mesmo assim. Vou ser sempre assim.” Claro que não. Se Deus nos alerta da nossa natureza pecaminosa não é para que aceitemos e abracemos essa condição, mas pelo contrário, lutar e fazer o que for possível para combater essa natureza. E falho como somos, pó que somos, seríamos fortes o suficiente para fazer triunfar o espírito (o querer e fazer o bem) sobre a carne (nossa natureza)? Infelizmente não, mas é aí que entra o sobrenatural. É por meio de Cristo que nos tornamos mais fortes e ganhamos batalhas que sozinhos seria impossível ganhar. Não cabe aqui discorrer sobre como isso acontece - talvez um outro texto. Mas o objetivo aqui era deixar algumas coisas claras:
  1. Nossa natureza tende ao mal e não é confiável;
  2. Deus não nos julga por essa natureza, mas o que fazemos a despeito dela;
  3. Vai ser normal cair, errar, sucumbir a essa natureza - esta é uma batalha que travamos a vida inteira. Mas só por meio de Cristo podemos ser mais fortes e enfim vencer a guerra contra os impulsos da nossa natureza humana.

O amor de Deus se faz mais presente em nossa vida, quando percebemos o quanto somos pequenos e falhos e ainda assim Ele nos ama.


14 Pois o amor de Cristo nos constrange, porque julgamos assim: se um morreu por todos, logo todos morreram;

15 e Ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou.

16 Por isso daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não O conhecemos desse modo.

17 Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.

2 Coríntios 5:14-17

Aldrêycka Albuquerque

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Somewhere Only I Know





Aos vinte e sete parei para analisar minha vida em retrospecto, tentando de alguma forma encontrar pistas, dicas sobre o que me espera no futuro. E me deixou impressionada tudo o que vi, tudo o que tirei do lugar, depois de tirar a poeira e reencontrar velhos baús, ao ir se alojando no passado aqueles fragmentos de vida perderam toda aquela atmosfera fantástica e ameaçadora que tinham. Tudo ficou em perspectiva.

Primeiramente nada aconteceu como eu planejei ou mesmo sonhei. Nem tão arrebatador como nos sonhos, nem tão terreno como nos planos. Minha vida se desdobrou do jeito que ela mesma quis e eu tive é que me virar, me dobrar e revirar pra dar conta. E olhando pra trás, fui mais protagonista que dublê da minha vida. E essa é a primeira conquista que eu encontrei no meu passado.

Outra conquista, muito maior e mais relevante, foi perceber a grandiosidade com que o Senhor tem me conduzido pelos corredores estreitos da vida. Muitas vezes brincando a beira do precipício, olhando desafiadora lá pra baixo, fechando os olhos muitas vezes, Ele foi sempre impassível em me cuidar, em me livrar, em me ensinar. E hoje eu não poderia ser mais grata. Pois não consigo imaginar onde eu estaria se Ele não estivesse se feito presente de maneira tão firme em minha vida. Me ajudando, renovando as forças, e principalmente me ensinando a esperar, enquanto segurava firme na minha mão.

E como alguém pode dizer que seus sonhos não se realizaram e ainda assim ser tão grata? Pois toda vez que me vi fazendo planos, ao olhar em retrospectiva, vejo o quanto estava fora de rota e míope. O quanto estava pautando minha felicidade aos parâmetros alheios, escolhendo meus sonhos das prateleiras de outro alguém. Sem nunca perceber minha unicidade, o ineditismo que tinha o meu chamado. E quando as variáveis estão equivocadas, o resultado sempre é afetado. Minha vida foi parar onde eu não esperava. Não aos vinte e sete.

Não encontrei o amor da minha vida, não tive meus três filhos nem moro na casa dos meus sonhos. E antes de bater aquela dorzinha fina do fracasso, alguém me lembra que era aqui mesmo que eu deveria estar. Que ainda estou cumprindo meu chamado, minha luta ainda não foi vencida. Ainda existem montanhas a transpor, lutas a vencer e prêmios a conquistar. "Quem disse que seria fácil?" O futuro pra mim ainda não perdeu o brilho, ainda é fantástico tudo o que eu espero. Por mais que eu tenha aprendido que nada é do jeito que eu acredito que deve ser, nem por isso é pior. Só diferente.

E por mais que eu sinta falta de conquistar tantas outras batalhas, fico feliz pelo que consegui até agora. Muito mais do que eu era capaz, com certeza. Muito mais longe, me sinto preparada pra ir hoje. Muito mais do que quando tinha dezessete, hoje me sinto muito mais preparada para conseguir alçar vôos mais complexos, mais completos e mais profundos.

Só preciso colocar as caixas do passado de volta onde elas devem estar, e arrumar espaço para novas caixas, novas experiências e novas conquistas. Tirar o pó, abrir as janelas, quem sabe comprar uma plantinha e cuidar até vê-la nascer em mim.


Aldrêycka Albuquerque

terça-feira, 21 de abril de 2015

Cúmplices de nós dois



Sabe, eu estive lá no nosso restaurante hoje. E estava ao mesmo tempo tão cheio de gente e tão vazio de vida! Faltava aquela centelha nossa, aquela intensidade que só a gente entendia.

Nossa mesa estava vazia. Ninguém se atreveu a ocupar o lugar que era nosso por direito. Jamais um casal tão apaixonado, 'dois corações tão em uníssono', sentou ali. Só nós.

E me veio aquele flashback. Um turbilhão de lembranças, cheiros, gostos e sensações me invadiu. Tua ausência chegou quebrando forte em meus arrecifes. Chegou lavando com sal o que restou da ferida. Me forçando a me perguntar o que sobrou, além da tua ausência. Lembrei de todo o desejo, um furacão que se alojava entre nós dois e eu não permiti que virasse tempestade sobre ti. Achei que você não fosse aguentar. Achei que, uma vez chuva, eu não iria mais parar. Por isso eu fui embora. E você nem sentiu a minha falta. Nem percebeu que eu tinha ido e ficado com um punhado do teu sal, lembrança do teu beijo e um restinho do teu perfume.

Maldito restaurante! Éramos só nós dois, cúmplices do que tinha acontecido ali. Ninguém mais iria se lembrar daqueles dois sentados no canto, enquanto o mundo todo parava para eles se olharem. Só nós iremos nos lembrar. E apesar de ter passado, bateu uma saudade de você... Tão grande que eu quase quis ter virado chuva. Mas passou: a chuva; Você; O furacão entre nós; Por que eu não passaria?

"We'll be the only ones to remember of this." Scattered Trees


Aldrêycka Albuquerque

domingo, 22 de março de 2015

Pedido de Desculpas


Sorry

Eu vim pedir desculpas por ontem. Nossos excessos não deveriam ter tido todo o espaço que receberam de nós. A folga que nos permitimos ontem, não devemos repetir. Vamos colocar limites.

Fica então proibido roubar beijos no canto do bar, escondido dos nossos amigos. Jamais sussurrar no ouvido do outro que já esperou demais, que não aguenta mais segurar aquele turbilhão. Muito menos sair escondidos na maior marcha que nossos desejos conseguiram impor.

Não deveríamos ter ido parar num quarto de hotel nessa cidade esquisita. Cheia de pessoas vazias de vida e cheias de si. Eu beijando o arco do teu pescoço, e você percorrendo as minhas costas com a ponta dos dedos. Desnecessário ter tirado tua camisa com urgência, e ter esquadrinhado teu peito como quem enfim chega na terra natal - saudades de casa! É como se tudo fosse novo, mas familiar de alguma forma. Teu peito desenhado, teus pelos macios me confortando o toque. Beijo teu peito como quem consola "cheguei, meu bem. O caminho foi longo mas voltei pra ti".

Se tivéssemos parado aqui não teria sido tão irreversível como foi, quando, em um movimento meticuloso e sedutor, você desabotoou minha camisa. Aprofundando beijos estalados para cada botão desatado. Beijastes de leve a maçã dos meus seios, pedindo permissão para saborear a fruta, mordiscar o proibido. Ao desatar os poucos nós que ainda restavam, entramos num beco sem saída. Naquele momento não tínhamos mais volta. E sem medo, fomos em frente.

De repente eu estava presa entre tuas coxas, sentindo teu cheiro tão selvagem, que parecia emanar de mim também. A penugem macia do teu abdômen me consolava como chocolate quente em dia de chuva. Teu cheiro doce e pungente acariciava meus sentidos e me dava água na boca. Teus beijos tão sinceros e urgentes. Teu toque tão certeiro e irremediável. Eu cedi cada parte de mim. Entreguei o corpo quando a mente já não conseguia mais resistir. Entreguei a mim quando percebi que eu seria maior se fosse tua posse.

Foi ali que viramos tatuagem. Foi quando tudo se tornou irreversível. Sem chances de arrependimentos. Entramos numa torrente de desejo cego, maduro, alimentado por muitos anos de carinho e cumplicidade. Desembocamos numa ilha desconhecida onde éramos ambos outras pessoas. Nos conhecemos de novo ali. Quem tínhamos nos tornado?

Eu queria era pertencer a você, mais do que mesmo te esperar numa caixa vermelha de presente. Eu preferia ser tua sem reservas, sem ter certeza se você seria meu algum dia. Só quis ser tua propriedade. Pertencer a teus abraços, ficar presa entre tuas pernas, estar à tua mão. Sem nada em troca. Só experimentar ser só tua e ver teus olhos brilhando e queimando os meus.

Depois de tudo, fomos embora diferentes. Tendo experimentado coisas que até então só estiveram em nossas fantasias. E foi tão natural! Foi como voltar pra casa. Foi como reencontrar um pedaço da gente que nem sabíamos que tínhamos perdido.

Mas foi uma pena isso ter te assustado tanto. Só agora eu pecebi que sua vida adulta foi baseada em fugir do passado. Nada familiar te agrada. E sentir como se tivesse se encontrando com o que você perdeu lá trás, te assustou de uma forma tão obscena, que tenho vergonha de ter contribuído com isso. Ter sido parte integrante e fundamental para te tirar do eixo. Só vim pedir desculpas. Dizer que isso está impresso na minha pele, mas vou fingir que não aconteceu. Só para preservar a imagem da pessoa distante e desprendida que você construiu.

Só vim pedir desculpas...


Aldrêycka Albuquerque

sábado, 4 de outubro de 2014

[RESENHA] – Flores Azuis, Carola Saavedra



Em Flores Azuis, a chilena Carola Saavedra mescla uma história de plano de fundo com uma misteriosa história principal que é contada através de cartas. Temos dois personagens principais, um da história principal – quem escreve as cartas, e outro da história secundária – quem lê as cartas. Uma leitura rápida, mas bastante intensa, e que se desenrola aos poucos, de camada a camada, cada personagem revela um pouco da sua própria história.

Geralmente eu comento pouco sobre o enredo, para evitar spoilers. Mas esse livro eu precisarei ser mais específica, para poder compartilhar minha surpresa, indignação, pena e até empatia que senti ao ler cada página. Em Flores Azuis uma mulher conta por meio de cartas de envelopes azuis, sua história de amor para um total desconhecido. Se ela errou o endereço do destinatário, ou simplesmente queria compartilhar aquela história com alguém, eu não consegui descobrir. Mas se trata de uma história tão complexa e dolorida, que conseguiu influenciar atingir em cheio a vida do desconhecido leitor.

As cartas de Saavedra são uma mistura de poesia e desespero, de emoção e catástrofe. Não só o leitor se envolve e se desespera com uma história tão comovente, mas nós, ao ler esse livro, sentimos um incômodo quase físico, gutural, com a história. Escancaramos a vida de uma mulher ao ler, inadvertidamente, uma carta que não foi destinada para nós. E toda essa avalanche de sentimentos, tudo por causa do amor!

O grande protagonista em Flores Azuis é o amor. Qual o tamanho do amor? Qual a medida do amor? Quanta dor cabe no amor? E qual a métrica para o perdão? Quando alguém ama de verdade, deve suportar qualquer coisa? Deve perdoar tudo? Absolutamente tudo?

Carola Saavedra resume em seu livro, algo bastante tenebroso: o lado cego e obscuro do amor.

Vale a leitura. E ainda vou além! Leia em par, chame alguém pra ler esse livro junto com você! Pois quando terminar de lê-lo, você vai desejar enlouquecidamente alguém para comentar, discutir e questionar sobre o enredo. Então, arrume um amigo e boa leitura!


QUOTES:
“Escrevo para que você me leia. Simples assim. Para que você leia e volte, para que você me leia e pense que há algo surpreendentemente belo em mim, algo que você não viu, algo que passou por nós despercebido. [Escrevo] para que você me leia e ame. Mesmo que amar não seja assim tão fácil, amar não é assim tão fácil.”
"Ontem fiquei pensando nisso, no amor, nessa insistência no amor, como se o amor pudesse nos salvar de tudo, como se o amor pudesse nos salvar do ódio, da loucura e até do desejo. Quem será que inventou isso? Se nem mesmo do amor o amor nos salvaria!"
“No momento que acontecem, as coisas nunca assumem a importância que deveriam ter. Só muito depois, quando o tempo passou e a vida passou e tudo passou. No momento, ao contrário, é tudo tão rápido, tão simples, sem grandes escândalos, que é como acontecem as coisas mais espantosas.”
“Então, é apenas isso, esta última carta, e tudo o que te escrevi. Apenas para dizer que eu te receberia, se você voltasse, se você quisesse, se você, sem perceber, estendesse entre nós um atalho, uma ponte. Apenas isso. Eu te receberia sem perguntas, sem exigências, eu beijaria a tua mão e te guiaria até o quarto, o mesmo quarto, o nosso, a mesma cama, lembra?” 


Aldrêycka Albuquerque