quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Dias de Cólica




Nossa, nesses dias a paciência me falta. De todos os meus problemas nenhum me esquece! Dores infindas, poucas, muitas, agudas, de leve... constantes.

No ônibus, venho a pensar inúmeras coisas - isso é mais que necessário, caso contrário, me concentrarei a pensar na intensidade das dores e assim as aumentaria involuntariamente. Bem, voltando aos pensamentos, venho pensando sobre tanta coisa... Sobre o quanto eu deixei de lado quem há algumas semanas atrás eu achava que não mais aprenderia a viver sem. Pensava o quanto ultimamente eu tenho estado cega*, vivendo dos outros e nunca de mim, e nunca da vida. O quanto eu tinha deixado passar batido a letra da música, a flor alaranjada que caída da árvore, formava desenhos ao chão... Deixei de ver a tonalidade do céu, às vezes arroxicado, às vezes alaranjado, muitas vezes azul, azul cor de vida.

* Pequeno Adendo: Não foi por causa do Saramago essa expressão “cega”, por favor, eis aí uma palavra muito comum, expressão largamente utilizada, mesmo antes de o Saramago me terem apresentado. E além do mais, a cegeira do Saramago é muito mais profunda, vale salientar.

Voltando ao conteúdo introspectivo do post, vinha a dizer que não mais me sinto a mesma. Talvez pelas realidades do livro que venho lendo, talvez a penas por estar ocupando as horas vagas com ele, sem tempo para sonhar besteiras inúteis (redundância, eu sei, mas foi preciso frente a minha indignação). Começo a deixar pra lá, abandonar aquela paixão enlouquecida, como se tivesse me dando uma outra chance de me curar de vez.

Hoje andava pensando em mim, só em mim. Minha altura, meu corpo, minha cabeça com todos os pensamentos que nela residem. O meu caráter. Bem, quanta coisa do meu corpo eu queria mudar, tirar, colocar... muitas coisas, mas sabe de uma coisa? A maioria dessas coisas seriam para agradar a terceiros, seriam desejos de estética que pra mim nem se valiam tanto assim, mas que para os outros ressoaria muito mais. Então, que se dane! Já deixei de me importar com o que pensam de mim faz tempo, mesmo as vezes escorregando aqui e ali. Sempre vai ter alguém que vai te aceitar como você é. Sempre! E mesmo que não, não é benéfico ficar a procura, acomoda-te com teu próprio gosto, com tua própria opinião de si. Então, mais uma vez, dane-se a opinião alheia!

Quanto aos meus pensamentos, ao meu caráter, meu ser íntimo... Esse eu não me arrependo de ser. Mesmo às vezes dando cabeçadas por não poder ser de outros jeitos, a realidade é que é assim que eu prefiro. Prefiro ser a comportada, a que se veste compostamente, a que escuta as músicas incomuns, a que é inteligente, a que pensa muito, a possível virgenzinha, a que é careta. É sim, prefiro. Quem quiser rotular que rotulem, mas demorei vinte e um anos pra construir esta pessoa aqui que vos fala e não será meia dúzia de seres comuns e humanos iguais a mim, que irão me ditar como agora deverei de me portar. Se não saio, se não falo nem faço as mesmas coisas que você, é porque foi assim que escolhi ser, não se preocupe comigo. Talvez você apenas tenha a consciência que nunca poderá ser igual a mim, e admito, quem nem eu igual a você, mas não vale a pena querer padronizar. Iguais não teríamos graça. Eu quero é que riam do meu jeito falador, quero que se inquietem com o meu jeito calado e pensativo, quero é que sorriam dos meus pudores, quero que zombem da minha religião, quero que ignorem minha música. Só quero que me deixem a vontade para ser eu mesma.

Hoje, alguém falou em um grupo onde estávamos conversando, sobre o tamanho do meu nariz. Rá! Só de lembrar já começo a rir aqui... Sim ele é grande, meu amigo, e daí? Esse tal alguém dizia que se eu tivesse dinheiro, arrumaria o nariz, alisaria o cabelo e seria a gatona da vez. Não, não, se eu tivesse dinheiro, com o mesmo nariz e cabelos que tenho teria o poder de te fazer dizer que eu sou linda, talvez nem sendo, mas é que nessa sociedade nossa quem tem dinheiro é bonita, é inteligente, é honesta... Teoricamente... É a conhecida babação-de-ovo, que não me cabe aqui definir tal expressão. Mas convenhamos, meu nariz tem todo um charme, grande, expressivo, com um nó quadrado no pau da venta... Estiloso. Rá! Dane-se quem não gosta. E meus cabelos? Não me venham falar dos meus cachos, se toda a sociedade diz que cabelo bom é cabelo liso, eu quero é que queimem, pois eu nasci com cabelo enroladinho. Mesmo que hoje em dia, à base de muito creme, consigo ir domando-o, mas mesmo com muita briga entre eu ele, não me desfaria dos cachos jamais!

Ah, mas tanta ousadia me fez lembrar uma reportagem que recebi de uma amiga. Nela havia uma imagem de Gilberto de Nucci (imagem do post de hoje) que contava com a seguinte explicação: na vida, os homens andam em fila indiana, cada qual com uma bolsa na frente outra atrás de si. Na bolsa da frente, vê-se guardados todas as nossas virtudes e boas afeições, tudo de bom que se possa haver na nossa pessoa. Na mochila de trás, tudo de ruim que temos e somos, defeitos de todas as esferas. Ao andar na tal fila indiana, nos concentramos na nossa mochila da frente, supervalorizando nossas beneficies; também temos olhos fixos na mochila traseira de quem está na minha frente da fila, apontando-lhe os defeitos e ruindades. O único problema é que nos esquecemos de que atrás de nós tem um outro alguém que vive a catar e falar da nossa mochila traseira recheada de defeitos e problemas nossos. Então, abramos os olhos! Saiamos da fila!

Beijos a todo mundo!
: ) mood: thinkin’ ^^

4 comentários:

flori disse...

Cólicas definitivamente não dá não dá não dá!!! =D

"Então, abramos os olhos! Saiamos da fila!"... infelizmente temos o costume eterno de analisarmos sempre a nossa vida e de alguém que aparentemente possa estar melhor que nós, nunca quem está pior, para ajudá-los (ajudar acho que é uma coisa que dificilmente faz parte da vida do ser humano, sao raras as ocasioes de fato)!

O negocio é tentar seguir nossa propria vida, talvez assim as outras pessoas acabem não se importando tanto com a sua e importando mais com a vida delas mesmas... talvez um efeito borboleta?? nao sei... mas nao custa nada tentar!

bjs

Anônimo disse...

nossa..as vezes me pego pensando assim tb..e de tanto pensar to passando miga pela vida querendo ser o que sou e sem perceber o que sou...srsr..somos maravilhosas sabe só o fato de estarmos com saúde...nariz grande , perna cambaias...ahh isso e o de menos e qu se dane todos...essa sociedade de beleza inutil....somos quem podemos ser.....srsr! xeroooo fofix e pra colica passar coloca as pernas pra cima....srsr passa rapidinho! rsrs! xerooo!

matina disse...

Me identifiquei horrores com esse post, algo como estar sem paciência nesses dias... ás vezes me pego querendo mudar porque penso que sendo diferente serei aceita de um outra forma, ser menos exigente comigo mesma e com as outras pessoas ...

tô meio psica ... kkkkk

ps.: esperando o próximo post ...

xero

Anônimo disse...

mas meldels, que tanto desabafo, dreycka.. e que tanto filosofia de banheiro. kkkk... vc já pensou em fazer yôga? ou alguma coisa pra relaxar mais que o possivel? eu faço yôga, é bom, é gostoso e te faz sentir bem consigo mesmo, com o corpo (não que vc não sinta, mas que vc parece que está definitivamente "louca" atrás destes pensamentos soltos! é como diz o nome do blog: são Another thoughts!)

haushdausha

mas tirando a zoadinha básica, achei o post bem legal, e bem interessante de ler e refletir, embora eu não o tenha lido na íntegra, pulei umas partes, paragrafos, linhas, mas o compreendi (ou pelo menos acho q sim)

e daí? terminou o livro? gostou? já "enxergou" o mundo, ou ainda está o "vendo"?? .. ahsudahsu... viu, no canal gnt da globosat, no domingo às 10h da noite, o diretor fernando meirelles vai no programa da marília gabriela, ser entrevistado. acho que vou assitir!!.. kkkkk (se viu que merchã aki???)

mas então é isso, acho que escrevi demais. igual a vocÊ.. hahahaha (claro que tenho que zuar, dreyckinha)

até, alohaaaaa