terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

História sem nome (P6)



História Sem Nome
Parte 06

Sinceramente foi bem esquisito escutar que Sansão era comprometido. Após tanto “love’s in the air” que havia entre os dois, era meio conflitante essa situação dele. Mas vocês hão de convir que agora está explicado o motivo dos pombinhos nunca poderem ter um ao outro. Tudo tem uma explicação. Por mais fatídica que ela seja.

Eu cheguei até a perguntar a garota sobre a tal dona do Sansão. Perguntar se ela era uma Mônica da vida (personagem do Maurício de Souza), ou se não passava de uma Magali. Mas entendi que ela era muito menos significante que isso, e dessa forma essa terceira pessoa não caberia nesta história. Na verdade a dona do Sansão conseguia se misturar tão bem a paisagem, que a garota começou a perceber o quanto de verdade ela mesma era estrela do seu próprio show. Por um lado isso era bom. Por outro, era aterrador.

Ao tocar nesse assunto, a garota parou, segurou no meu braço e disparou: “Você sabe quantas noites passávamos na internet conversando até sobre a relatividade do universo? Você imagina quantos fins de semana pudemos estar juntos e usufruir tão bem da presença um do outro? Você imagina o quanto fomos francos e nos abrimos um para o outro? Você pode imaginar quantos dos nossos olhares nós tentávamos freneticamente decifrar? O que eu sentia era mútuo sim! Talvez não da mesma intensidade, não da mesma maneira. Mas de certa forma ele era meu sim. Ele compactuava das mesmas intenções sim! Mesmo não nos tocando, nossos olhares e palavras tocavam lá no fundo da alma.” Bem, a garota tem seu direito de acreditar no que quer. Mas para mim esses fatos não passam de faíscas do acaso. Os dois nunca se configuraram numa possibilidade. Pelo menos não até agora.

O platonismo doentio desta garota é diferente. Em momento nenhum ela disse que ele era perfeito ou correto no que fazia. O mais intrigante era que ela tinha a plena noção do quanto ele era irritante, do quanto era desleixado, do quanto ela se irritava quando ele esquecia o dia do aniversário dela, do quanto ele parecia não se importar. O grande problema era que apesar disso tudo era com ele que ela arriscaria passar o resto da vida. Foi ao perceber isso que eu perguntei a ela se ela não se sentia mal em ele não demonstrar em momento nenhum que sente o desejo de arriscar tudo e tentar ficar com ela de uma vez. Ela foi seca: “Ele não poderia. Não seria justo com ela.” O que leva uma garota a amar tanto uma pessoa que até entende quando ele é covarde?

Segundo ela, não se tratava de covardia, mas de decência. Ele nunca poderia abrir mão de uma pessoa que o ama. Ela o aceitou do jeito que ele era e até hoje o ama assim. Agora ele vai trocá-la por uma pessoa nova, volátil e extremamente inconstante? A garota não acha que isso é ter uma baixa auto-estima, na verdade segundo ela isso é ser consciente, e se fosse ela, faria a mesma coisa. Ela pode negar, mas eu posso jurar que ela vai continuar com a vida dela de maneira independente e solta, mas sempre involuntariamente esperando por ele. Vai entender, cada um escolhe a cruz que vai querer levar. Eu até disse isso para ela. Ela me sorriu e começou a contar mais um dos seus momentos que ela tanto guardava com nostalgia e carinho.


Aldrêycka Albuquerque


Leia o começo desta história:

2 comentários:

Ju disse...

xi, preciso ler tudo antes
=)

Alessandra Castro disse...

Vou tb me atualizar. :)