quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Para meu fantasma preferido



Isso soa como idiotice, mas ultimamente eu tenho me imaginado de frente com você, tocando no violão suas músicas favoritas. Será que você desviaria o olhar se eu cantasse para os seus olhos? Não sei tocar violão.
 
Queria já estar acostumada com o barulho que você deve fazer quando coloca as chaves em cima da mesa, ou saber que você chegou de ouvir o som da porta bater. Mas nossa rotina não se cruza dessa maneira.
 
Acho que nunca te contei, mas eu ainda acordo de madrugada procurando seu cheiro nos lençóis. É que o seu nome ainda não consegue me descrever seu perfume. Tem noites que paro pensamentos em como eu gostaria que meu travesseiro fosse seu peito, porque nessas últimas semanas, eu tenho dormido de lado só para que você caiba na minha cama.
 
A verdade é que paraliso toda vez que passo por alguém que tenha nos cabelos e olhos a mesma cor dos seus. E quando já nunca te esqueço, todo canto me faz te lembrar, você cabe em todos os lugares. Bem que poderia estar aqui para apagar as luzes e beijar a minha boca.
 
O que será que você faz enquanto escrevo? Tenho inveja de qualquer um que te conquiste a atenção, e tenho ciúmes de todos os seus sonhos. Tenho raiva daqueles que te querem, e tenho vergonha de admitir. Tenho muito medo dos seus planos e de não estar neles. Tenho tanta sorte de me sentir como sinto, mas sei também do azar que é não poder te encaixar o tempo todo aqui comigo. Tenho pensado bastante em nós e no que – ainda – não somos. Odeio estar tão apaixonada, mas é o que mais me faz sorrir.


O título original deste texto é PARA UM DOS MEUS FANTASMAS, e encontrei perdido aqui: http://meuretrato.wordpress.com/2008/08/05/para-um-dos-meus-fantasmas/

domingo, 18 de setembro de 2011

Cansada




Como eu posso te deixar em paz se você também não me deixa?
Você não tem o direito de sumir meses a fio, depois aparecer do nada.
É injusto, é triste, é dolorido.
E se você se esquiva de minimamente conversar, eu nunca vou poder fechar esse ciclo e seguir em frente.
Você parece confuso. Desarme-se ou me deixe ir embora.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

I've been here before



I don't know why I'm scared,
I've been here before,
Every feeling, every word,
I've imagined it all,
You'll never know if you never try,
To forgive your past and simply be mine,
I dare you to let me be your, your one and only,
Promise I'm worth it,
To hold in your arms,
So come on and give me a chance,
To prove I am the one who can walk that mile,
Until the end starts
Adele - One and Only

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Pessimismo e um coração instável



Podem me chamar de pessimista, mas aguardo notícias boas esperando elas darem errado. Por mais certeiras que pareçam, sinto que a qualquer momento uma geladeira vai cair do sétimo andar, e tudo vai dar errado. As vezes penso em meteoros também, esmagando a todos. :D

Pode ser um resultado de um teste, ou uma resposta de alguém que esperei por três anos. Tudo  de errado pode acontecer, inclusive nada acontecer! A lua pode nem aparecer e tudo terminar mal.

Por mais que eu conheça bem de projeções e ilusões, não consigo me manter afastada delas. Daí quando elas saem desse patamar para se configurarem realidade, ainda questiono se tudo não é mais um devaneio. Ah, esse meu jeito maluco de ser...

terça-feira, 13 de setembro de 2011

My sweetest downfall


Era meio dia e dez minutos. Eu ia atravessando a rua Imperial, quando o chão do Recife Antigo se abriu e de lá se transfigurou quem eu menos esperava. E em questão de horas, três anos de história foram abalados.  
Can I breathe now?


segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Café e livro velho




Beatriz custou a acordar naquela manhã. Se revirou na cama alguns minutos, tentando encontrar por ali algum punhado de sono, mas não achou. Sentou-se na cama, e suspirou: esse seria um daqueles dias nostálgicos com gosto de café e livro velho. Daqueles que mesmo com sol e calor lá fora, você sente aquele frio na espinha. Na verdade, Beatriz se sentia imersa num profundo Outono. Despedaçando restos secos do passado numa tentativa desesperada de abrir passagem pra uma primavera longínqua que ela não sabia quando, mas tinha certeza que iria chegar.

Pulou da cama pro chuveiro. Tentou lavar dali toda a angústia. Quinze longos minutos depois, saiu de lá enrolada numa toalha vermelha, secando os cabelos com a toalha que Pedro sempre usava quando estava por ali. Ainda friccionando freneticamente a cabeça, passou pela estante do quarto, e puxou um livro da Jane Austen. Pelo estado que estava aquele livro, parecia velho o suficiente para o dia de hoje. Talvez fosse um transtorno psicológico, mas pra Beatriz angústia combinava bem com livro velho. Provavelmente o cheiro de livro velho fosse uma forma involuntária dela se lembrar que as mágoas do seu passado se foram, mas as cicatrizes ainda doíam. Sacou da gaveta uma camiseta, vestiu o jeans que tinha jogado em cima da cadeira na noite anterior. Saiu trotando pela escada, agarrada com Orgulho e Preconceito, que já tinha lido tantas vezes que o livro estava só bagaço. Tomou um copo de café, e saiu caminhando pelas ruas que conhecia tão bem, mas que naquele dia pareciam tão pouco familiares.

Ao subir no elevador panorâmico do escritório onde trabalhava, Beatriz se lembrou dos dias em que contava telhados por entre os vidros da janela do seu quarto. Teve vontade de chorar. Relembrar os dias em que seu coração ainda não tinha tantas cicatrizes, dias em que sua família ainda estava por perto, e quando ainda sentia o calor da segurança que seus pais transmitiam. Agora ela estava sozinha, e a única pessoa que a fazia lembrar do conforto que era ter uma família, tinha desaparecido como quem se teletransporta para outra galáxia. Como isso poderia ser possível? Um dia ele reclamava por ter que tomar banho com o sabonete com aroma de baunília dela, e como isso o deixava irritado, como é que ela não sabia comprar um mísero sabonete sem cheiro de comida. No outro dia ela se acorda sem ninguém resmungando no box do banheiro. Como pode ser possível perder alguém que era tudo na sua vida, e simplesmente não cair morta na mesma hora? Como ela conseguia respirar, ficar de pé e ir trabalhar? Como é que ela se atreve a ler um livro e caminhar viva pelas ruas? Como é que toda sua vida é sugada por um buraco negro e ela consegue estar de pé? A porta do elevador se abre, e Beatriz volta do seu devaneio ainda com os  olhos marejados.

Ela sai andando pelos corredores do prédio como que no piloto automático, vai até sua mesa, e desaba na cadeira. Pelas próximas oito horas ela teria uma bela válvula de escape para se entreter. Pilhas de papéis, prazos e projeto para entregar. Nada melhor que o trabalho para te fazer esquecer que você tem uma vida.

Aldrêycka Albuquerque

Autumn



Hoje é um daqueles dias nostálgicos. Com gosto de café e livro velho. Daqueles que mesmo com sol e calor, você ainda se sente no inverno. Na verdade, ainda melhor: você se sente no Outono. Despedaçando restos secos do passado, abrindo passagem pruma primavera longínqua.

Aldrêycka Albuquerque

sábado, 10 de setembro de 2011

Don't you remember?


Ando lendo os livros errados, escutando as músicas erradas e assistindo aos filmes errados. Daí vez por outra você volta a minha memória, e perguntas inquestionáveis voltam a me assombrar. "E se"s aos montes. E se daqui há alguns anos? Mais três anos, talvez? Seriam suficientes pra te fazer entender, ou pra te dar coragem suficiente?




"I know I have a fickle heart and bitterness,
Eu sei que eu tenho um coração inconstante e amargura
And a wandering eye, and a heaviness in my head,
E um olhar perdido, e um peso em minha cabeça
But don't you remember?
Mas você não lembra?
Don't you remember?
Não se lembra?
The reason you loved me before,
O motivo de você ter me amado?
Baby, please remember me once more
Baby, por favor lembre-se de mim mais uma vez

Adele - Don't You Remember