quarta-feira, 12 de outubro de 2011

...história da vida real...



Às vezes embarcamos numa vida repleta de acontecimentos tão importantes e tão intensos, que nada mais existe ao nosso redor. Entramos de cabeça numa sucessão de sentimentos egoístas onde nossas mágoas são as mais profundas, nossas feridas as mais doloridas, nossos amores os mais devastadores e nossa história a mais tocante. Daí no meio de uma multidão, ou enquanto você abre a página do Facebook, você percebe o quanto está enganada. O mundo está repleto de pessoas apaixonadas, pessoas mais felizes e mais tristes do que nós.  Pessoas com histórias mais doloridas ou muito mais tocantes. Pessoas desiludidas, outras transbordando de amor correnspondido. Aí você cai em si e percebe que o mundo não gira em torno de você e que existem inúmeras histórias deliciosas aí, prontas para serem apreciadas. Como essa linda história VERÍDICA do meu amigo André Valongeiro. Me emocionei tanto com ela que depois de enxugar as lágrimas, pedi autorização para publicá-la aqui no blog. Espero que vocês também gostem.


André Valongueiro e Shirlene Mafra



Há exatamente um ano e dois dias atrás, em 10/10/2010, embarquei com mais dois amigos para o Rio de Janeiro para assistirmos a nossa banda do coração: o Rush! 

Eu e Wagner tomamos os nossos lugares e, logo atrás de nós, Bacalhau sentou ao lado de uma mulher com ar de cansada e que nitidamente estava "puta da vida" por que nós não parávamos de conversar em volume um pouco mais alto e reproduzir passagens de músicas do Rush, batendo nas cadeiras e emitindo sons com a boca. Era a Dra. Shirlene Mafra, que, se não me engano, havia acabado de sair de um plantão e desejava apenas dormir tranquilamente no avião durante a viagem para o Rio de Janeiro, onde participaria de um congresso. 

Lembro claramente do comentário de Wagner: "Mago, essa doida aí de trás tá invocada com a galera!" Nós rimos e continuamos a bagunça assim mesmo! Bacalhau como cascateiro de "primeira linha" - ele, na verdade, é péssimo com as mulheres - logo tratou de colocá-la em nossa conversa. [Obrigado, Bacalhau! =D] 

Eu estava todo remendado: um dos braços completamente ralado, o outro recém-tatuado e com um um dedo do pé quebrado e enfaixado dentro do tênis, fruto de uma queda de bike no dia anterior. Quase perco o vôo nesse dia! 

Eu e ela conversamos muito pouco, mas fui muito esperto e consegui um endereço de e-mail em um momento apropriado da conversa. E na segunda-feira seguinte, quando fiz login aqui no Facebook, ela já havia me adicionado e logo em seguida começamos a conversar no chat. 

Eu havia dito o meu nome completo uma única vez durante uma brincadeira no avião e ela o havia memorizado. Me achei o fodão! [hahaha] Marcamos um cinema no dia seguinte e o resto da história foi o tradicional: "começamos a namorar, tivemos momentos incríveis, viajamos juntos..." Também apresentei a ela o poderoso e devastador Death Metal e tentei mostrá-la o quanto Maria Gadú é "xarope", assim como 90% da nossa MPB atual. [hahaha]

Hoje, 12/10/2011, um ano e dois dias depois do episódio do avião, ela está indo embora. Moçambique é o seu destino e a sua missão é auxiliar portadores do HIV a, de alguma forma, viverem melhor. Missão épica e brutalmente respeitável! Estou tão triste quanto orgulhoso. E para acalmar um pouco o espírito, resolvi escrever esse longo texto, pois escrever me faz muito bem! =) 

Assim é a vida. E não é sábio querer lutar contra tudo. Desejo a ela toda felicidade e sorte do mundo, com toda sinceridade que possuo! As pessoas que a esperam em Moçambique sem dúvida precisam dela muito mais do que eu. Eu vou me virar sozinho! Combinamos que esse não seria um "adeus", mas um "até logo". Um "até logo" que certamente custará a passar, mas que certamente passará! A minha querida namorada Shirlene Mafra vai me fazer falta, muita falta, mas eu vou me virar sozinho! 

Essa foto estava "perdida" em meu celular. A qualidade é péssima, mas lembro que ela foi tirada aqui em casa, na primeira noite em que ela esteve aqui para me buscar e sairmos juntos para jantar. 

...Histórias da vida real! Há milhares delas por aí, mas acho a minha bem interessante.


André Valongueiro



O texto original foi postado pelo André AQUI
E vocês podem acompanhar alguns dos textos dele neste link: http://www.valongueiro.blog.br/   

2 comentários:

Rodrigues, Gustavo disse...

Uma história comum de pessoas comuns dentre tantas outras histórias comuns de outras tantas pessoas comuns. A individualidade, a particularidade de cada um nos torna tão especiais! Cada caso, cada passo acabam por se transformar em "masterpieces". E dá vontade de rever e reviver tudo. A vida real é muito melhor que a ficção, desde que saiba aproveitá-la.

Flá Costa * disse...

adoro histórias da vida real! elas são cheias de força, de detalhes tão incríveis.

beijoca