domingo, 30 de março de 2014

[RESENHA] PS Eu Te Amo - Cecelia Ahern




Essa é uma resenha diferente. Vim aqui falar das minhas impressões após ler o livro, tendo visto antes o filme. E não foi um filme qualquer pra mim, ele é um dos meus longas prediletos! Então caso você não tenha nem lido o livro nem visto o filme, melhor não continuar lendo, pois vai encontrar muito spoiler!

[perigo de spoilercaution required!]





Infelizmente achei o livro (2004) inferior em comparação ao filme (2007). Pensei que nunca iria dizer isso na vida, mas parece que o diretor Richard LaGravenese em sua adaptação, conseguiu realizar alguns ajustes no enredo, que tornaram a história ainda mais emocionante nas telonas. Obviamente, algumas cenas adicionadas pelo diretor não foram legais, mas no somatório achei o filme superior. Vamos comentar alguns fatos.

A mãe de Holly – ponto para o livro!
No filme Holly não se dá bem com a mãe, e não tem pai (esse deixou a esposa com os filhos ainda bem pequenos). Mesmo assim, no filme, Gerry (o marido de Holly) confia à sogra suas cartinhas. Isso pra mim não fez muita lógica, principalmente por que Gerry nunca se deu bem com a mãe de Holly. No livro Holly tem uma saudável relação com a mãe e com o pai, eles têm uma família funcional de pai, mãe e cinco filhos (3 homens e 2 mulheres). Daí faz mais sentido o Gerry ter confiado à família dela as cartinhas.



Irlanda x Nova York – ponto para o livro!
Para quem não sabe, a escritora Cecelia Ahern é Irlandesa. E em todos os livros dela (pelo menos todos os 5 que eu li) as histórias sempre ocorrem na Irlanda. Acho isso o máximo!! Porém no filme eles ‘americanizaram’ a história, colocando Holly e Gerry morando em Nova York, apesar de eles terem se conhecido na Irlanda. Até aí, ponto para o livro. Mas gostaria de deixar claro que o filme compensa magistralmente isso, ao adicionar o fato de que os dois se conheceram na Irlanda, e que ao decorrer do filme, Gerry compra passagem para a esposa e as amigas voltarem ao seu país de origem. Daí, somos agraciados com cenas lindas e inesquecíveis dos verdes campos irlandeses, cheios de flores lindas e Gerard Butler com aquele sotaque maravilhoso e de jaqueta de couro... ai, ai... Ops! Foco!! Voltemos à resenha!

As cartinhas – ponto para o filme!
No livro Gerry escreve dez cartas, empacota tudo e envia para a casa dos pais de Holly. Eles não sabem do que se trata quando entrega o pacote a filha. Ao abrir Holly entende que foi o marido quem mandou, e que deve abrir uma carta por mês. Já no filme, genialmente, o diretor faz Holly receber as cartinhas de forma anônima em diversos lugares diferentes, sem ela ter ideia se o marido está enviando elas do além, ou se tem alguém por trás disso. Pra mim, essa atmosfera de surpresa à espera de uma nova carta deu um toque especial à trama.

Os pais de Gerry – ponto para o filme!
Tanto no livro quanto no filme, Gerry não tem muito contato com os pais. No filme, descobrimos que o motivo é que a mãe sente falta do filho no “ninho”, e ainda culpa Holly por ter tomado seu querido filho. No livro ficamos sem fazer nenhuma ideia do motivo da distância entre as duas famílias, ainda tem o agravante deles morarem perto de Holly (diferente do filme que eles moram em outro país). Então achei que o filme resolveu bem esse buraco no enredo.



Daniel Connelly – ponto para o livro!
Gente, esse definitivamente foi um ponto crucial que me fez ficar sem entender como o diretor do filme conseguiu distorcer! No filme, Daniel Connely é um funcionário da mãe de Holly. Um mané, meio retardado, que mais parece um tarado! Ele é completamente sem noção, só fala o que não deve, e tem a maior cara de figurante. No livro, o Daniel é dono de um bar, um cara que passou por poucas e boas, e construiu uma super relação de amizade com Holly. Obviamente eles começaram a se apaixonar, mas nem no filme nem no livro isso terminou bem, falarei mais sobre isso nos tópicos abaixo.

Sobre se permitir apaixonar novamente – ponto para o livro!
Aqui está um ponto importante. Não gostei, definitivamente, da cena do filme que Holly conhece um cara qualquer na viagem que faz para Irlanda, o cara era amigo do marido dela, e ela ainda dorme com ele, se apaixonando só depois. Assim, que nem Nescafé: instantâneo! No livro, Cecelia Ahern teve maior sensibilidade, fez Holly se sentir culpada por se interessar por qualquer um. Mesmo quando ela se vê balançada por Daniel Connely, um cara que ao longo de um ano, deu força a ela, foi amigo, parceiro e dividiu sentimentos. Mesmo assim ela teve medo de entrar em um relacionamento, pois ainda sentia o marido muito presente. Achei esse detalhe muito mais real, e lógico. Muito mais do que você ver uma versão genérica do seu falecido marido em um bar, cantando no mesmo lugar que seu marido costumava cantar, e num piscar de olhos você ir pra cama com a criatura. E ainda descobrir, no dia seguinte, que ele era amigo do seu marido. Haja sangue de barata!



No final das contas, Holly fica com quem? – zero a zero!
Como disse a cima, no livro Holly estabeleceu uma relação excelente com Daniel. Obviamente, no final da história, ele pede a ela uma chance. Ela abre a última cartinha do marido, dando o “aval” dele para ela se permitir apaixonar. Mas mesmo assim, ela tem medo, e foge por um longo mês. Ok, até aí tudo bem. Não fosse pelo fato do Daniel surtar e voltar para a namorada louca, e deixar Holly no vácuo. Ela por sua vez, encontra um cara no supermercado, que deixa a entender que ela vai se apaixonar por ele. Mais uma vez, relacionamento Nescafé detected! Então poderia dizer que em relação esse aspecto, os meios foram bons (relacionamento com Daniel), mas o fim foi decepcionante (Daniel fica com a ex, uma maluca). No filme, como dito a cima, isso ainda foi pior! Então, zero a zero!




Daí agora você vai fazer as contas, e vai ver que por 4 a 2, o livro ganhou. Hahaah Mas posso dizer que foram detalhes, cenas marcantes que fizeram o filme ser mais emocionante do que o livro. Holly cantando com água nos olhos “I love you ‘till the end” no karaokê; Ela encolhida na cama ligando e desligando o abajur; Ela ouvindo incessantemente a voz do marido na caixa postal; Gerry ter comprado passagens para Holly ir à Irlanda (e não para uma praia badalada na Espanha); Holly vendo o marido andar pela casa, mesmo quando ele já tinha morrido; Holly na primeira vez que resolve sair para se divertir depois da morte do marido, no banheiro da boate, agarrada com a urna com as cinzas dele... Foram cenas que o diretor conseguiu levar os sentimentos ao extremo, muito mais do que eu senti ao ler o livro. Por isso chorei como uma louca no filme, e no livro, só marejei os olhos algumas vezes.




Dessa forma, por essa e por outras, o livro vai levar 4 estrelinhas, e o filme levará 5!!!! :-D 
E como recomendação, sugiro vocês verem os dois. Vale muito a pena.



Aldrêycka Albuquerque

quarta-feira, 26 de março de 2014

a âncora ::




"Now he left a hole in my heart 
A hole in a promise, a hole on the side of my bed
Oh but now that he's gone, well life carries on
And I miss him like a hole in the head"



Você lembra da época em que tu andavas solto pelo mundo, pulando de cama em cama, chamando isso de liberdade, e sem saber viver sem ser desse jeito? Se lembra da época em que tu te encantavas por qualquer boca, qualquer história, e saía pelo mundo sendo de todo mundo, e não conseguindo ser de ninguém? As pessoas são interessantes demais para eu ter que ficar preso apenas a uma, você dizia. Te lembras disso? Antes, muito antes de você querer ser meu, e de se dispor a se estabelecer numa relação tradicional tão piegas.

Estive me lembrando dessa época. E não me senti nada importante, nada especial por ser hoje pedaço dessa tua mudança. Não vejo em mim nada de melhor por ter te ajudado a aterrizar. Na verdade sinto justamente o contrário. Me sinto a pedra que te empurra pra baixo, que te prende em um lugar só. Me sinto tua âncora, peso que te impede de sair voando por aí.

Não que eu ache que você fosse feliz naquela época. Não que eu ache que você não seja feliz hoje. Só não consigo deixar de pensar que estou sendo um peso sobre essa tua natureza nômade. Talvez daqui a alguns anos você sinta que eu fui a gaiola que te impediu de voar. Mesmo que você nunca soubesse pra onde ir. Mesmo que teu vôo sempre fosse tão solitário.

Talvez teu passado vá sempre me amedrontar. 
Talvez a saudade da tua antiga liberdade sempre nos assombre atrás da porta do armário. 
Talvez meu amor não seja suficiente pra te fazer ficar por muito tempo.
Talvez a vida te chame, e você vá embora batendo asas, portas e me deixe.

Mas enquanto houver tardes ensolaradas, e sorrisos nos nossos rostos, eu quero estar...
Quero ser teu porto seguro, teu farol na tempestade. 
Quero te dar outro tipo de asas, diferentes das que você costumava ter. 
Quero te fazer sentir que pode ir embora, mas que tem muito mais motivos pra ficar.
Quero que só nós dois para ti baste. Nós dois, e todos que de nós vierem.